Tenho andado para cá vir escrever. Ou melhor, tenho escrito aqui imenso, mas sempre dentro da minha cabeça. As férias já se foram, há muito, e vou regressando devagarinho à rotina do dia-a-dia. O ano lectivo que passou foi pesadíssimo, em termos de trabalho, e não posso pensar em repetir. Cheguei a Julho esgotada e adoentada. É nestas alturas que nos lembramos que não temos vinte anos. E não tenho mesmo!
As férias foram boas para descansar. Este foi um dos primeiros anos, desde há muito, que não levei computador atrás de mim. O que fez com que tivesse mais tempo para ler e para ver o tempo escoar-se devagarinho, ao sabor do sol a levantar-se e a deitar-se.
As férias foram boas sobretudo por outras coisas. Foram um tempo para estar. Para poder passar dias a fio na companhia do R., sem ter horários, comboios, distância entre nós. Serviram, por isso, um propósito bom: o de dar tempo para aprofundar e fortalecer. Para passear, conversar, mimar. Para sentir e fazer sentir. Para amar, eu diria.
Foram também um tempo para novas descobertas. Isto de ter uma relação já com algum tempo leva-nos, a determinada altura, a sair do casulo e a querer conhecer quem está lá do 'outro lado'. Devagarinho, começámos a abrir portas, a entrar e a deixar entrar. E é bom quando é bom. E ainda quando não é bom, não deixa de ser bom: às vezes, é nos desencontros e nas ocasiões falhadas que vou conhecendo mais de mim, que vou conseguindo perceber mais esta teia que tenho no cérebro/coração. E cresço, e enterro mais os pés no chão, à procura de me entender melhor.
No meio de tudo, o que importa é essa capacidade que vou tendo de não me perder de mim, de não deixar de olhar para dentro. Tenho para mim que só quando sabemos quem somos e como funcionamos é que arranjamos espaço para sermos felizes e para fazermos alguém feliz.