segunda-feira, 28 de junho de 2010

Ao sol

Ando estoirada. As últimas semanas, pela exigência do trabalho, arrasaram com o meu corpo, que pouco descansou. Este fim de semana estive de tal forma que houve tempos em que não aguentava pensar, tanto o cansaço. Ando-me a trocar toda nos pensamentos, tenho momentos em que não consigo raciocinar ou lembrar-me do que acabei de dizer.

Por outro lado, nestes dias tenho tido também tempo para poder dormir livremente, para passear sem precisar de me preocupar com nada, para trabalhar sem precisar de pensar. Pouco a pouco vou regressando ao sítio, percebendo que, se há coisas que já não posso fazer, uma delas é não descansar um mínimo que seja.

Apesar do cansaço, têm sido dias bons, estes. De novas descobertas, de caminhos (finalmente) trilhados. O peso do meu cansaço é diametralmente oposto à leveza do meu sossego. E estou a gostar de mim assim. De alma cheia, a olhar o sol.


terça-feira, 22 de junho de 2010

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Back

Posso voltar às minhas lides por aqui. Hoje acaba uma etapa de trabalho. Absolutamente esgotante, mas muito boa. Pelo trabalho, mas não só.

Neste mês cresci por dentro, ao observar os outros. Saber que estão lá quando precisamos é diferente de sentir que estão lá quando precisamos. E eu, que não sou nada de pedir ajuda, porque a norma (é)era não me ajudarem quando preciso (tem destas coisas ser a 'cuidadora' de serviço), desta vez recebi-a de borla, mesmo sem a pedir. E numa quantidade avassaladora. O que me fez ficar a olhar, pelo que significou.

Às vezes, quando quero explicar as minhas dúvidas ou os meus medos, digo que a minha cabeça sabe, mas o meu coração não sente. Estas questões de ser ajudada enquadram-se bem aí. Sabia-me valorizada e querida e amada. Mas esta sensação de 'agora só tu contas, agora o importante és tu' mexeu muito, mas mesmo muito, comigo. Porque significa que sou vista e escutada. E que importa o que sinto e preciso.

O meu coração sentiu o que a minha cabeça sabia há muito. E quando o meu coração sente, e eu constato aí a diferença entre o que já vivi e o que vivo agora, atiro para longe as pedras que ainda encontro neste meu jardim. Fico mais próxima e sei que se nota. Fico mais feliz e sei que se lê em mim. E fico mais tranquila ao perceber que tudo mudou e que posso baixar as defesas e deixar-me sonhar com uma vida feliz. A minha.


domingo, 20 de junho de 2010

...

"Estás abananadamente contente..."

"Estou abananadamente deslumbrada..."

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Para quem acompanha o Mundial

Não que eu tenha tempo. Nem sabia que Portugal jogava hoje, vejam lá. Sou mesmo uma desnaturada. Mas mandaram-me este link e achei giro. Para quem, como eu, nunca sabe a quantas anda, é sempre uma hipótese de estar informada sobre o onde e o quando. ;)

Aqui:
http://www.marca.com/deporte/futbol/mundial/sudafrica-2010/calendario.html

domingo, 13 de junho de 2010

R.

Dias de sombras, estes. Em épocas de grande cansaço, como esta, que termina breve, breve, breve, arrasto os pés pelo caminho. E, ao fazê-lo, sempre que encontro sombras, disfarçadas de pó do passado, elas levantam-se futuras. E ficam ali, insidiosas, a sussurrar-me nos pensamentos aquilo que (ainda) são os meus medos. Sei que podem desaparecer, sei que já não têm a força que tinham, nem a importância, mas ainda resistem por aqui ou por ali. Danadas das gajas...

Vale-me outra sombra, que me acompanha os dias. Não dependo dela para avançar no meu caminho (é tão bom não depender), mas sinto-a nas minhas costas a sustentar-me o passo. E, nestas ocasiões, arma uma barreira à minha frente, agiganta-se perante as outras sombras e dá sapatada em todas, impedindo-as de ocupar o espaço daquilo que há-de vir. Assim me ajuda a colocá-las na berma e a voltar à tranquilidade. E passo por todas, a cada dia mais pequeninas, de novo em paz.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Dos filhos que se perdem, dos filhos que se ganham

Conheci a A. quando vivi em África. Muito simples, muito dada, adoptou-me como eu a adoptei a ela e ao marido e à sua filhota, a I. Sempre que brincava e abraçava a pequenina, que tinha a idade das minhas sobrinhas, abraçava em pensamento as minhas meninas, mitigando assim as saudades. Aquilo sempre foi amor mútuo, como aliás acontece geralmente comigo quando lido com crianças. A A. estava grávida, já avançada, e esperava outra menina.

Num dia de sábado de manhã, tinha eu saído com as minhas colegas e recebo um telefonema dela. Aflita, cheia de cólicas, e eu longe, embora já de volta a casa. Pouco depois outro telefonema. A A., sozinha em casa com a filha, tinha entrado em trabalho de parto. Aos sete meses, a bebé nasceu, mas morta.

Foi a primeira vez que lidei com o pesadelo do aborto mesmo ao pé de mim. Um horror, que não há outra maneira de o descrever e que não consigo pôr em palavras, pela solidão e desespero em que ocorreu. Ao chegar à clínica, onde a fomos aguardar, apanhámos a A. a entrar na sala de partos. Lembro-me de um olhar e de uma mão me segurar e me dizer: 'Cuida da I.'

Horas mais tarde, nos braços do pai, a I. agarrou-se a mim. Foi uma tarde passada com ela, a ver as flores e os animais, a tentar sossegar-lhe o medo daquilo que não percebia. Foi nos meus braços que acalmou e deixou que o médico a examinasse por causa da febre que trazia, foi comigo que foi fazer o despiste da malária, foi no meu colo que adormeceu, em casa, foi lá que me contou o que tinha visto (abençoados dois anos que não nos permitem perceber tudo).

A A. voltou, como eu voltei, para Portugal. Sem a filha mais nova, que deixou lá, com o coração completamente amarfanhado. Ainda hoje, no trabalho, uma vela acompanha-lhe o ritmo dos dias. 'Quando a acendo, sinto a minha menina comigo.'

A A. disse-me hoje que está grávida de novo. Um misto de alegria e medo no olhar. Recebeu um abraço, um sorriso imenso de quem lhe quer bem. Para que consiga pôr a alegria onde até há pouco tempo só conseguia sentir dor. Para que consiga viver esta gravidez em paz.

Daqui a sete meses espero escrever aqui que tem um bebé nos seus braços.








E, nem de propósito, ao ir ao 'I Can Read', aparece-me isto à frente...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Ó gajos do meu blog

Eu sei que o sol está aí e que o sol pede pouca roupa e que a pouca roupa chama os olhares e que atrás dos olhares vêm pensamentos bem interessantes. Eu sei, como sei também que a cabeça dos homens é sempre a mesma, independentemente do tempo em que vivem.

Como sei? Olhem lá os ensinamentos de Cícero, traduzido por D. Pedro (o Infante, da Ínclita Geração, não o apaixonado de D. Inês):

"Por que os oficios nom som semelhantes nas idades desvairadas, que hũus perteecem aos mancebos, e outros aos velhos, convem que fallemos algũa cousa desta desvairança. (...) E principalmente a hidade da mancebia deve seer refreada de husar de torpes delectaçõoes, e deve seer acustumada a trabalho e a paciencia assi da alma como do corpo (...). E quando quiserem afloxar suas voontades e darensse a algũu prazeres, guardemsse de destemperança, e lembremsse da vergonha." (Livro dos Oficios de Marco Tullio Ciceram)


Por isso, meus caros, agora que o fim de semana se aproxima, toca a enterrar a cabeça no trabalho e nada de folias...

Como nada é dito sobre mulheres, meninas divirtam-se!

;)

terça-feira, 1 de junho de 2010

...

Luto muito pela minha vida e por a tornar melhor a cada passo, mas quando as oportunidades surgem tenho muitas vezes a sensação de que são só para os outros ou que chego cedo ou tarde demais. Mas há sempre um cantinho para toda a gente, não é?