O dia dos namorados foi há uns dias. Não tive um dia, tive
três. Porque começou com teatro no sábado e acabou já na terça de manhã. Do R.,
mimos. Com ele a dizer-me ‘Eu, se desse isto a outra mulher qualquer, ela
ficava a olhar e a pensar que eu lhe devia era ter dado uma carteira’. Mas eu
não trocaria por nada o vaso, a terra, as pás e as sementes de girassol que
recebi, entre outras coisas. Às vezes, o R. lembra-se de me dar as coisas mais
estranhas, para a maioria dos mortais. Mas são coisas que eu adoro e que nunca
me lembraria de dar a mim mesma. Talvez por isso fique calada, a olhar. A
sentir que ele me vê. Como ele vê dentro, lá fundo, de mim. A perceber que amar
é sentir o outro, é estar atento.