terça-feira, 1 de abril de 2008

Restolho

Geme o restolho, triste e solitário
A embalar a noite escura e fria
E a perder-se no olhar da ventania
Que canta ao tom do velho campanário

Geme o restolho, preso de saudade
Esquecido, enlouquecido, dominado
Escondido entre as sombras do montado
Sem forças e sem cor e sem vontade

Geme o restolho, a transpirar de chuva
Nos campos que a ceifeira mutilou
Dormindo em velhos sonhos que sonho
Na alma a mágoa enorme, intensa, aguda

Mas é preciso morrer e nascer de novo
Semear no pó e voltar a colher
Há que ser trigo, depois ser restolho
Há que penar para aprender a viver

E a vida não é existir sem mais nada
A vida não é dia sim, dia não
É feita em cada entrega alucinada
P'ra receber daquilo que aumenta o coração...

(Mafalda Veiga, Restolho)





Sempre gostei desta música... Lembra-me o silêncio de quem sofre. Mas é profundamente optimista, ao mesmo tempo. Porque traz em si a esperança de quem se entrega à vida, de quem não desiste, de quem prefere renascer a cada dia que passa...

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