Estas coisas de a vida mudar e dar um salto em frente trazem-nos diferentes perspectivas e diferentes sentimentos. À flor da pele surgem muitas coisas que não esperávamos. Umas boas, outras que nos obrigam a confrontarmo-nos connosco mesmos. Ando assim, eu. Um bocadinho como as ondas, ora em cima, ora em baixo.
Costumo dizer, quando falo de mim mesma, que há aquilo que a minha cabeça sabe e há aquilo que o meu coração sente. Bom, bom, é quando os dois se põem de acordo e eu sei e sinto por dentro o que sei. Mas nem sempre isto acontece. E por isso deparo-me agora com duas estranhas situações.
Primeiro, ando-me a confrontar com coisas que sei que sou, mas não sinto como deveria. Por norma coisas positivas que, como é óbvio, nestas coisas da auto-estima, temos a mania de relegar para segundo plano as nossas qualidades. E não, não se trata apenas de um certo senhor que se lembra de me lembrar essas coisas. São várias as pessoas que, por via das conversas que vamos tendo, me vão dando assim umas chapadas valentes. Têm mais fé em mim do que eu mesma, mas estão a ajudar-me a fazer caminho. Ao fim de umas boas sovas, começamos a pensar que se calhar têm alguma razão, não é?
Segundo, ando a confrontar-me com medos fundos, vindos lá das profundezas do meu poço. Aqueles medos mais básicos em mim (cada um tem os seus), que travam o passo e me obrigam a respirar fundo antes de avançar. Interessante, interessante, contudo, é deparar-me com o estranho facto de eles, aparentemente, não terem razão de ser. É que, quando surgem (e alguns têm surgido de forma violenta), nada acontece como o meu coração assustado prevê. E isto está-me a fazer perceber que há coisas que não se repetem e que há medos que posso deixar de ter.
Bem vistas as coisas, a cabeça e o coração estão a começar a encaixar-se a sério. E aqui é que a estranheza se instala. Não estou habituada a olhar para a minha vida vendo-me como uma pessoa merecedora deste equilíbrio de quem sabe aquilo que é e aquilo que vale. E muito menos merecedora desta paz nascente onde os medos infundados não têm lugar.
É estranho, mas é real e está a acontecer. E sei que, se continuar a caminhar bem, como até agora, aquele medo último de tudo isto se desvanecer num ápice também pode desaparecer. Há ainda muito a fazer, mas eu chego lá...