quinta-feira, 11 de março de 2010

Dos olhos dos pais

Há uns anos largos, lembro-me bem do bom que era ter o meu pai só para mim uma vez por semana. Acontecia aos sábados, quando íamos para o coro onde ambos andávamos. Meia hora para lá, outra meia para cá de conversa constante. O meu pai, que sempre adorou filosofia, ensinou-me a pensar, sei hoje. É a ele que devo as valentes dores de cabeça com que às vezes fico e também esta capacidade de esmiuçar tudo.

Hoje tive direito a uma espécie de repetição. Ter a mamã em casa da mana (vem aí sobrinha!) implica ter papá sozinho em casa, à espera de companhia. Foi um almoço, um café e um passeio de conversa. Onde ele me foi perguntando dos meus amores, de como estou, de como está tudo. Onde me foi falando do que acha de mim e da forma como me relaciono com os homens. Olhos de pai a quem não conto muitas coisas, mas que vai sabendo alguma coisa de mim. A meio da conversa, e a propósito dos que já passaram pela minha vida, a frase foi: 'Nenhum deles te merecia'.

Às vezes, é nestas pequeninas frases lançadas no meio de grandes conversas que percebemos como nos vê quem nos deu a vida.