Gosto de viver em zonas antigas, com velhotes por todo o lado. Porque, ao invés da correria de quem vai trabalhar, podemos observar a calma, o tempo a passar sem correr. E podemos sentar-nos a conversar sem que olhemos de lado ou nos olhem de lado. Acontece na farmácia onde duas velhotas se sentam a conversar, na paragem do autocarro onde agradecem o assento livre, no autocarro onde perguntam qual é a paragem mais próxima do hospital ou contam histórias sobre vidas já passadas. Eu, que gosto mais de conversar do que de ginjas, divirto-me a ouvir, a observar, a falar.
No meio de tudo isto, apercebo-me de que a conversa esconde muitas vezes uma imensa solidão. E que é ela que traz para a rua, que impele a procurar alguém com quem conversar, que leva a pedir, subtilmente, mimo.Toda a gente precisa de mimo. E às vezes basta um sorriso para que ele se faça sentir.
SANTO ANTÓNIO ou O AMOR SECRETAMENTE PEDIDO
Há 5 meses
3 comentários:
Que texto bonito... e muito verdadeiro. Pena que muitas vezes em vez de mimo se dê/receba desprezo.
Débora:
Bem-vinda! :)
Tens razão. O desprezo também se dá e recebe. Mas, quando vejo alguém de idade declaradamente a precisar de mimo, gosto de pensar que, por uns minutos, consigo fazer a diferença... :)
Sim, concordo :)
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