sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Perdoem-me a pouca fé...

Li aqui - http://belafenix.blogspot.com/ (29 de Outubro) - o elogio do amor puro que Miguel Esteves Cardoso escreveu no Expresso. Lindo, o texto, pelo peso dos sentimentos que transmite, pela certeza da existência de um amor puro que está em vias de extinção.

Hoje, enquanto andava a rebuscar o meu mundo feito de música, deparei com a canção que se segue e lembrei-me do texto. Trata-se de 'Lost', de Michael Bublé (cada vez gosto mais deste gajo...) e exprime, para mim, o amor incondicional que um homem pode sentir por uma mulher. Um amor tão profundo que, quando ela se afunda e se perde, ele não se vai embora, como tantos fazem, mas tem a capacidade de lhe dar a mão e de lhe dizer 'Tu não estás sozinha.. Nem perdida... Eu estou aqui e perco-me contigo até a luz voltar...'

Em relação ao texto, sou tentada a concordar com o facto de que já quase não existe o amor puro...
Em relação à canção, sou tentada a achar que já não há homens assim...

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Um desejo

Irritações

Se há coisa que me irrita solenemente, é acharem que sou uma santa. Explico-me: como sou uma pessoa despretensiosa, de trato e falas simples e nada espampanante no vestir, isso só deve significar que não faço mal a uma mosca e sou incapaz de pôr a pata na poça… Ou seja, sou uma santa… O que não corresponde minimamente à verdade, diga-se de passagem.
Um exemplo: há quem se admire se me ouve a dizer uma asneira, como se aqui a minha pessoa fosse incapaz de qualquer coisa do tipo. Quando a minha boca já as disse todas...
Outro exemplo, mais caricato: tenho as pernas cheias de nódoas negras e arranhões porque na semana passada andei a jogar futebol. Ah, pois é: aqui a pequerrucha descobriu que é boa na defesa (no ataque, não: tenho tanta pontaria que acerto sempre no guarda-redes…). Na realidade, é uma verdadeira ‘melga’, nos dizeres dos companheiros de jornada. Pois no fim, qual não foi o meu espanto quando, ao comentar com alguns conhecidos a razão por que andava a coxear, um deles me perguntou, atónito: ‘Tu?! Andaste a jogar futebol?! Tu?!’

I-r-r-i-t-a-n-t-e!!!

O que achariam eles se eu dissesse que uma das minhas canções favoritas,é a que se segue? Porque sou quase tudo o que diz a letra?


Meredith Brooks - Bitch

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Nostalgia

Há dias de solidão. Solitudine (porque será que a palavra é muitíssimo mais bonita em italiano, de tão musical que é?).
Boa e má. Hoje é um desses dias. Falta-me qualquer coisa, não sei bem o quê. Um vazio enche os meus espaços e deixa-se ficar a vaguear por aqui...
E traz-me à memória uma canção que já me marcou muito e (hoje) volta fazer das suas... Não pelo amor perdido de que fala. Os amores perdidos já se foram... Pelos vazios que relembra. Pelos desencontros...

Bem o diz Emily Dickinson (Solitude), traduzida para italiano, no poema que aparece no fim do vídeo:

Tem uma solidão o espaço
Uma solidão o mar
Uma solidão a morte - mas estas
são multidões
comparadas com aquele lugar mais profundo
aquela privacidade polar
que é uma alma consigo mesma:
infinidade finita.



Laura Pausini - La solitudine

Uma lição de amor

Um filho. Um pai que perdeu a memória a curto prazo. Um dia-a-dia de luta, sobrevivência, angústia, amor. Muito amor. Faz-nos pensar em todos aqueles que abandonam os seus. E em todos aqueles que, no meio da desgraça, agarram todos os raios de luz que a vida lhes dá...
Em http://www.dayswithmyfather.com/

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Bem-vinda


Tu conheces o meu sorriso... Agora partilhas a minha vida... Bem-vinda, minha amiga...

Um abraço

Posso-te dizer que esta é uma das canções da minha vida. Quis partilhá-la contigo por achar que te pode ajudar na tua dor. Que é vagarosa, persistente... E no teu medo. Que é gigantesco... Eu sei... Talvez o vento de que o teu veleiro precisa comece a soprar aqui...

Um abraço (shiuuu... é só um segredo nosso...)




O Lume (Mafalda Veiga)

Vai caminhando, desamarrado
Dos nós e laços que o mundo faz...
Vai abraçando, desenleado
De outros abraços que a vida dá...

Vai-te encontrando na água, no lume,
Na terra quente até perder
O medo. O medo levanta muros
E ergue bandeiras pra nos deter...

Não percas tempo...
O tempo corre...
Só quando dói é devagar...
E dá-te ao vento
Como um veleiro
Solto no mais alto mar...

Liberta o grito que trazes dentro
E a coragem e o amor...
Mesmo que seja só um momento,
Mesmo que traga alguma dor...
Só isso faz brilhar o lume
Que hás-de levar até ao fim
E esse lume já ninguém pode
Nunca apagar dentro de ti!...

Não percas tempo...
O tempo corre...
Só quando dói é devagar...
E dá-te ao vento
Como um veleiro
Solto no mais alto mar!...

Tango...

Yo sé bien lo que haría con un tango argentino...



Gotan Project - Milonga de Amor

domingo, 26 de outubro de 2008

Comigo mesma...



Esta semana senti-me bem na minha pele. No meio de mil e uma línguas, sozinha porque longe de casa, pátria e amigos, encontrei espaço para me partilhar comigo mesma. Sozinha e tranquila, numa vida que tem muito pouco de convencional, mas que começa a saber-me muito bem...

Começo a pensar que fui feita para esvoaçar por aí e não para construir ninho certo num ramo de árvore. Ou talvez tenha sido feita para ser ninho dos outros, para ensinar e partilhar, para ajudar a pensar.

Não sei. Nesta curva onde me encontro (e que grande curva é, não se lhe vê o fim), sei apenas que agora comecei a sentir-me confortável na minha pele. No meu sorriso, no som das minhas palavras, nos meus passos curtos, no cheiro do meu perfume... E que bem que sabe...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Decisão


ESE OTRO SER

Cierro los ojos, lentamente,
y me sumerjo en un letargo sin tiempo,
silencioso, distante, lejano...
Cierro los ojos y me encuentro
con el ser que está en mi interior
lleno de miedos, de preguntas,
lleno de dolores y de angustias,
ese ser que se siente abatido,
que a veces no razona.
Lo observo y con imperante voz
lo invito a que viajemos juntos
por esta vía sin final preciso,
que me ayude a sentirme segura,
que no me hunda con sus miedos,
que no me lleve al abismo.
Cierro los ojos y observo,
el camino del retorno no está tan lejos,
yo no quiero transitarlo,
y ese otro ser que está en mí
me seduce, con gestos de dolor
me invita a recorrerlo una vez más.
Ese otro ser no puede estar en mí,
una vez lo despedí de mi interior,
lo condené a la muerte.
Abro los ojos y descubro que soñé,
que solo soy yo, que no hay nadie más,
que ese otro ser soy yo misma,
solo que decidida a no retornar.

Teresa Aburto Uribe

terça-feira, 21 de outubro de 2008

domingo, 19 de outubro de 2008

...


Memória




Hoje apetecia-me gravar em pedra
memórias do teu rosto
perdido em meu dedo vadio,
centímetro a centímetro esculpido
pelos meus olhos...


Hoje apetecia-me gritar na pedra
o silêncio que é só nosso,
que guardo em cada traço,
em cada linha,
em cada letra...


Hoje apetecia-me tocar na pedra,
cravar nela a garra dos sentidos,
o beijo dos amantes,
o suspiro imaginado,
o amanhã...

Pacificação


No meu país há ondas

que cavalgo noite e dia

acima, abaixo

acima, abaixo

e me levam

do mais alto dos Olimpos

à mais pura profundeza do Hades...



Ondas altas, abruptas que são,

fazem-me por vezes

desejar o mar-chão

onde nasci

aquecida pelo sol,

acariciada pela brisa,

sem tormenta...



'Tou que não me entendo... (III)



Quem me roubou o tempo que era um
quem me roubou o tempo que era meu
o tempo todo inteiro que sorria
onde o meu Eu foi mais limpo e verdadeiro
e onde por si mesmo o poema se escrevia

Sophia de Mello Breyner Andresen

sábado, 18 de outubro de 2008

'Tou que não me entendo... (II)



Alma perdida

Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!

Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente...
Talvez sejas a alma, a alma doente
Dalguém que quis amar e nunca amou!

Toda a noite choraste... e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!

Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh'alma
Que chorasse perdida em tua voz!...

Florbela Espanca

'Tou que não me entendo... (I)

15/10


16/10


17/10


18/10

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Tu és

Uma recordação

Tenho vindo cá pouco... Imagens, não texto. As imagens também falam, mas não dizem o que vai aqui. Esta música traz recordações. De um tempo em que quis muito ser livre e me sentia presa a amarras invisíveis. É possível amar e odiar ao mesmo tempo? Foi um tempo agridoce, hoje vejo que mais acre do que doce... Mas (as músicas têm destas coisas) estes sons não me prendem ao passado. Falam de esperança e sonho e sempre me conheci assim: a esperar e a sonhar. A minha vida nunca foi o que esperei que fosse, mas é minha e aprendo todos os dias a ser melhor, maior e mais livre...


quinta-feira, 16 de outubro de 2008

...



Diz-me o teu nome - agora, que perdi
quase tudo, um nome pode ser o princípio
de alguma coisa. Escreve-o na minha mão

com os teus dedos - como as poeiras se
escrevem, irrequietas, nos caminhos e os
lobos mancham o lençol da neve com os
sinais da sua fome. Sopra-mo no ouvido,

como a levares as palavras de um livro para
dentro de outro - assim conquista o vento
o tímpano das grutas e entra o bafo do verão
na casa fria. E, antes de partires, pousa-o

nos meus lábios devagar: é um poema
açucarado que se derrete na boca e arde
como a primeira menta da infância.

Ninguém esquece um corpo que teve
nos braços um segundo - um nome sim.

Maria do Rosário Pedreira

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Eu sou


Um beijo só teu...


Um beijo só meu...


Tentação

Porque é que o lado negro da vida desperta tanta curiosidade e é tão tentador?


terça-feira, 14 de outubro de 2008

O mar canta...

Na cidade de Zadar, Croácia, foi criado em 2005 um órgão marítimo. Trata-se de um conjunto de degraus cravados nas rochas que têm no seu interior um conjunto de tubos que, pela força das ondas, forçam o ar e criam notas musicais (diferentes, dependendo do tamanho e velocidade da onda).
Eis a estrutura interna das 'escadas':




Escutem agora os sons, que muitos vão ouvir ao pôr-do-sol...


Oração


De um lado, a eterna estrela,
e do outro a vaga incerta,

meu pé dançando pela
extremidade da espuma,
e meu cabelo por uma
planície de luz deserta.

Sempre assim:
de um lado, estandartes do vento...
- do outro, sepulcros fechados.
E eu me partindo, dentro de mim,
para estar no mesmo momento
de ambos os lados.

Se existe a tua Figura,
se és o Sentido do Mundo,
deixo-me, fujo por ti,
nunca mais quero ser minha!

(Mas, neste espelho, no fundo
desta fria luz marinha,
como dois baços peixes,
nadam meus olhos à minha procura...

Ando contigo - e sozinha.
Vivo longe - e acham-me aqui...)

Fazedor da minha vida,
não me deixes!
Entende a minha canção!
Tem pena do meu murmúrio,
reúne-me em tua mão!

Que eu sou gota de mercúrio,
dividida,
desmanchada pelo chão...

(Canção quase inquieta - Cecília Meireles)

Intervalo

É tão bom quando sentimos que os intervalos da nossa vida terminam...

Per7ume - Intervalo (participação de Rui Veloso)



Cá vai a letra, certinha e com todos os acentos... :)


Vida em câmara lenta,
Oito ou oitenta,
Sinto que vou emergir...
Já sei de cor todas as canções de amor,
Para à conquista partir.

Diz que tenho sal...
Não me deixes mal...
Não me deixes

No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto onde eu não entrei.
Notícia do jornal,
O quadro minimal
Sou eu...

Vida à média rés...
Levanta os pés,
Não vás em futebois, apesar
Do intervalo, que é quando eu falo,
Para não me incomodar.

Diz que tenho sal...
Não me deixes mal...
Não me deixes

No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto onde eu não entrei.
Notícia do jornal,
O quadro minimal
Sou eu...

Não me deixes na
História que não terminou...
Não me deixes

No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto onde eu não entrei.
Notícia do jornal,
O quadro minimal
Sou eu...

No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto onde eu não entrei.
Notícia do jornal,
O quadro minimal
Sou eu...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Banderlougue (banderlouco?) e Xer Cane

Kipling sabia, mas sabia MESMO, porque é escolheu os macacos para representar os Banderlougues, os seres mais irritantes da Selva... Este não tem amor à vida...


domingo, 12 de outubro de 2008

As crianças

Acho que errei a profissão. Se soubesse o que sei hoje, trabalharia com crianças. Porque elas me enchem o coração. E eu sei-me capaz de chegar até elas e de viver o seu mundo. Hoje foi a Leonor. Bastaram uns minutos para eu ter uma nova amiga. Não sei como, pouco depois sabia como me chamava, sorria a chamar a atenção e até deixou que brincasse com ela. Logo ela que escondia a cara no colo da mãe!
Não sei porque é que isto acontece, mas é frequente os filhos das minhas amigas perguntarem por mim. Talvez porque não tenho filhos e por isso tenho tempo para os filhos dos outros, já alvitraram. Eu prefiro pensar que é porque me dou ao trabalho de ir até ao seu mundo e de lá ficar a partilhá-lo com eles. Recuperando a magia que a minha infância teve. Recuperando o meu mundo de sonhos e a inocência de que ainda hoje sinto falta.
Talvez seja por isso que gosto tanto desta canção. É um sonho do Tomás, o filho da Mafalda Veiga, quando era pequenino. A mãe transformou-o numa canção que não embalou apenas o filho. Embala-me também a mim...



O menino do piano - Mafalda Veiga

Descobertas



Hoje andei a navegar pela web. A cuscar ideias e sentimentos. Encontrei um site com que me ri e pasmei. Chama-se 'Shiuuuu' e é dedicado exclusivamente a segredos partilhados. Fabuloso. Especialmente porque alguns deles também são meus, embora ninguém saiba...

Ultimamente, tenho vindo a descobrir que há sempre alguém que sente o que a nossa pele sente... Seja na net ou entre amigos, tem sido frequente sentir e dizer coisas como 'eu também sou assim' ou 'entendo-te perfeitamente'. Isso é bom. Numa fase da minha vida em que tenho tanta necessidade de normalidade, estes sentimentos ajudam-me a não me sentir uma extraterrestre. E ainda dizem que Deus não existe...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

...

Há canções que nos assentam que nem uma luva...

Hoje apetecia-me ter pegado na mochila e ter ido viajar...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Hoje é dia do Anjo da Guarda...




Anjo da Guarda,
Minha companhia,
Guardai a minha alma
De noite e de dia.





Hipopótamos

Eles andam aí como se carregassem
Todo o peso do mundo
Mas nos seus olhos estão
As leves gotas de orvalho
E cantam mil violinos no seu coração.

Numa noite de luar, se olhares p’ra cima
Verás como todos os hipopótamos
(mesmo os do teu livro de gravuras)
Vão pelo ar, levíssimos em direcção ao céu
Com as suas asas inesperadas, transparentes.

Não haverá, por fim, nenhum
E ninguém se lembrará que um dia
Existiram hipopótamos sobre a terra
Mesmo o seu nome apagar-se-á
Da frágil memória dos homens

Mas eles voltarão
Sempre que precisares de ajuda
E, baixinho disseres o nome
Do teu anjo da guarda.

Álvaro de Magalhães






A Estrela e o Anjo

Vésper caiu cheia de pudor na minha cama
Vésper em cuja ardência não havia a menor parcela de sensualidade
Enquanto eu gritava o seu nome três vezes
Dois grandes botões de rosa murcharam
E o meu anjo da guarda quedou-se de mãos postas
no desejo insatisfeito de Deus.

Manuel Bandeira

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Dúvida...

Quantos homens sentirão o que as entrelinhas desta música deixam entrever? Medo, insegurança, desvario, fragilidade, desejo, anseios?

Klepht - Por uma noite