Dar colo é olhar para ti e num olhar transmitir a certeza de que há tempo para ti, apesar das pressas do dia. Porque o que és é mais importante do que produzes ou tens.
Dar colo é levar-te a pousar a cabeça no meu colo, fechar-te os olhos e deixar as mãos escorregar pelo teu cabelo, na silenciosa mensagem de que ali tens um abrigo onde podes baixar a guarda.
Dar colo é fazer-te sentir que podes rir e brincar e cantar e pular e pintar a manta como quiseres e quando quiseres ao pé de mim.
Dar colo é deitar-me contigo, mas não para pura satisfação de instintos. É deixar a tua mão a pesar nas minhas costas apenas por sentir que precisas de me sentir lá. É aconchegar-te para dormir quando a angústia vem. Ou arrasar a noite em loucuras a dois.
Dar colo é não abdicar de ser eu, deixando-te confortável para seres quem és, porque não há mentiras ou hipocrisias que te surpreendam e te afastem.
Dar colo não é dar-te tudo o que queres. É dar-te o que sou, na minha verdade nua e crua. Para que conheças os recantos do porto e assim saibas onde parar e descansar. Sem medos.