quarta-feira, 30 de setembro de 2009

KM (1)

Eu bloqueio. E contra-ataco.

Vá, ainda estou só a 5%. Mas chego ...

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Recado XXI

Em dias pesados, eu vou ao fundo buscar as sombras. Por isso hoje almoçaste à minha frente. Passaste a mão pela cabeça, num gesto tipicamente teu. Brincaste com os meus dedos, sorriste, conversaste. Por uns instantes, só por uns instantes...


Dúvida

Eu digo 'esmiuçar'... É uma palavra assim tããããão desusada?


domingo, 27 de setembro de 2009

As faces de Jano

Às vezes sinto-me profundamente velha. Não em idade, mas em coração. Por transportar experiência carregada de cansaço, numa lentidão de quem olha as horas do futuro cobertas de cinzento, pesadas, insondáveis. Vivi muito, intensamente. Vivi tudo, senti tudo. Não sobra espaço para dias novos feitos de frescura.

Às vezes sinto-me jovem. A minha idade em idade e coração. Carrego em mim sabedoria envolta em tranquilidade, um sorriso no peito, a certeza da segurança do passo, a vida na palma da mão, aberta, aguardando o voo. Em bicos de pés a espreitar o mundo. No entusiasmo de quem (se) descobre. A planear os sonhos, a ajoelhar no chão na procura certa da flor que lá se esconde, a descansar na relva o corpo que recolhe o sol.

Picasso - Girl Before a Mirror


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Boas conversas

Hoje, foi bom. Mesmo bom. Há conversas que valem ouro e esta foi uma delas. Por muitas coisas, por uma coisa em especial.

"Tu mereces mais. Tu mereces tudo."

Foi bom ouvir.



É bom começar a sentir.
:)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Críptica (III)

'Estou aqui...'

Há coisas que não deveriam ter de ser ditas.

Do Abraço

A Joanissima. Uma daquelas Senhoras que nos faz sorrir sempre que a visitamos. deixou-me um abraço sentido que eu senti. :) À falta de um abraço e de um sorriso ao vivo, ficam aqui, para ela.

Encomendou-me depois um trabalho. A bem dizer, difícil é escolher, já que eu adoro braços que abraçam. Mas vamos lá:

1 - Quem mais gostas de abraçar no presente? As minhas sobrinhas. Que me cabem as duas ao mesmo tempo no arco dos braços e se colam como só as crianças sabem colar-se. Que me abraçam as pernas se não me chegam ao colo. Que nunca regateiam colocar os bracitos à volta do meu pescoço sempre que lhes peço um xi-coração apertadinho (as tias também estão autorizadas a pedir, sabiam?).

2 - Quem nunca abraçarias? Quem me faz mal.

3 - Quem davas tudo para poder abraçar? Tanta, mas tanta gente... A família toda. Os amigos. Aquelas pessoas que eu gostava de abraçar e não tenho coragem de pedir. Ou que estão longe e sei que não posso abraçar fisicamente por agora. A Jane.

4 - A quem davas o teu melhor abraço? A quem nunca tivesse tido a sorte de um abraço. Porque é uma riqueza a que muitas vezes não damos valor.


Passo este abraço:

- à Apple, por exprimir tão bem o que eu levo dentro.
- à Princesa Canela porque me entende.
- à Marisa, de cuja alegria não abdico.
- à Bi, porque às vezes tenho vontade de a estrafegar.
- ao Dexter, porque quero ver no que dá.
- ao 13, porque devemos dar mimos a um convalescente.
- ao R., porque merece.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Recado XX

"Tu estás-me atravessada." Eu sei. Tu também me estás atravessado. Mas não és o primeiro e desconfio que não serás o último. A vida não é suficientemente longa e elástica para fazermos tudo o que quisermos ou para termos todos os que queremos.

O problema são as escolhas, claro. As tuas e as minhas. Das tuas sabes tu e são boas, parece-me. Das minhas sei eu e estou convicta de que são o melhor para mim, pelo menos por agora.
Um dia perguntaste-me, a propósito disto, se não seria possível ter o melhor de dois mundos. Disse-te que não. A repartição acaba por trazer o inferno ao de cima. Por isso é tão verdade aquele ditado 'quem tudo quer, tudo perde'.

Há homens que dá vontade de ter conhecido a vida inteira. Pelo muito que já viveram, pelo muito que sabem, pelo muito que são. Tu tens muito daquilo que eu gostaria para mim. Mas trazes agarrado à pele o medo, a dúvida, a descrença. E és impaciente e queres tudo, apesar de saberes que não é possível. Como os meninos ao pé dos carrinhos dos doces, quando querem comer uma nuvem de algodão doce, mas não querem esperar e acabam por gastar todo o dinheiro num chupa-chupa, ficando a sonhar depois com o açúcar a derreter na boca e nos dedos.

Tu queres tudo e, como exemplar masculino que és, não te convences de que não pode ser. Eu percebo. Mesmo muito bem. Nesta terra, no teu mundo, e com outra mulher, provavelmente poderia ser e seria. Mas comigo não. Eu não sou assim porque a vida já me ensinou muito. Sou bem mais velha do que tu em algumas coisas, apesar dos anos que nos separam. E sei que há coisas pelas quais vale a pena lutar. Eu conheço o lugar do tesouro. O colo. Lembras-te?

Disse-te uma vez que tenho a impressão que cumpro, na tua vida, o papel de te mostrar o que poderias ter tido e sempre tiveste medo de procurar. Continuo a acreditar que é verdade. Nada a fazer. Por isso sorrio tranquila, embora te sinta 'atravessado' em mim. Prefiro ter um bom amigo (e tu és tão, mas tão meu amigo, que eu sei...) a ter um mau amor. É uma decisão que sabes e que se baseia na minha cabeça e não no meu coração. Pelo menos para já será assim. Porque há caminhos de reconstrução que já fiz e que não quero repetir.

Eu agora cuido de mim e deste coração tão sensível e frágil que guardo nas mãos. Nas minhas mãos. Em última análise, só elas conseguirão evitar que se parta em mil pedaços outra vez. E tu és demasiado importante para mim para correr o risco de deixar que o partas. Porque seria o que aconteceria, não é? E acabarias por desaparecer da minha vida. Pelo que aí vem, tudo diz que sim e tu sabes, embora não queiras saber.

Eu não sei bem o que quero, mas sei o que não quero. Não te quero por uns dias, umas horas, uns tempos. Não chegaria, não como estou, provavelmente não como sou. Por isso resisto. E relembro, cada vez que nos encontramos, o que poderia ter sido e não foi. E fico com aquilo que somos. Porque há um 'nós' feito de carinho algures por aqui.





terça-feira, 22 de setembro de 2009

Dúvida

O que fazer quando a nossa cabeça sabe, mas o coração não?


sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Eu gostava...

...de ver algum político neste país a assumir isto com todas as letras. Mesmo contra os paizinhos e teóricos que acham que se aprende sem trabalho. Digam-me lá: quantos de vocês chegaram onde estão sem se esforçarem?



Podem ler, em português, aqui.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Recado XIX

Detesto encontrar-te pelas ruas que agora são a minha casa. Detesto as pegadas que reconheço no chão. Detesto que a cabeça me leve para o que já foi, a revisitar o passado. Detesto sentir saudades de um tempo que já não é o meu, do futuro que não foi meu, de ti que nunca foste meu. Detesto a horrorosa sensação de que o meu tempo passou, de que não posso esperar mais da vida, por muito que a esperança não me deixe parar. Detesto os silêncios que continuam a pairar, os fios de água que continuam a correr, os sonhos desfeitos, a vida quebrada. Detesto olhar para trás e achar que nunca mereceste o que eu sou. Detesto a estupidez humana que nos leva a andar no arame, a esperar mais de quem é mais pequeno do que a vida. Detesto o que te confiei e a devastação que causaste no meu mundo. Detesto-me por ter acreditado. Detesto o eterno recomeçar que é a história da minha vida. Detesto o não ver o que vem. Detesto dar dois passos atrás quando o que queria era correr para a frente. Detesto o não conseguir confiar. Detesto a insegurança, o não acreditar em mim, o não conseguir sentir o que sou, apesar de mo dizerem. Detesto não ter braços em que dormir enrolada. Detesto ter de contar só comigo. Detesto ter de lutar tão arduamente por tudo. Detesto o cansaço de andar sozinha com o meu mundo às costas.


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Andanças

Dia de cansaço, este. E para cuidar de mim, já que fui tratar de coisas pendentes. Andei, andei e andei. Subi e desci.

Já começo a localizar-me, o que me sabe bem. Se há coisa que me faça confusão é não saber os sítios que considero importantes de conhecer. Mas hoje, e porque comecei inadvertidamente a explorar, tive pequenas vitórias. Descobri uma óptica pertinho de minha casa e duas lojas de ferragens! (Vá, uma mulher TEM de saber onde existe uma loja de ferragens, porque pode ser preciso, não?) Vi lojas de antiguidades (tenho de me lembrar de não entrar em nenhuma...), fiquei a saber onde é o Cinema São Jorge. Parei à frente da Rua do Salitre a tentar recordar porque é que me lembrava desse nome (não consegui). Visitei as lojas do Metro e fui revisitar o El Corte Inglés (típico de 'gaja', não?).

Passei por uma senhora no Metro e dei comigo a pensar 'Quando for grande quero ser assim'. Tão só porque emanava uma distinção invejável, no seu vestido discreto de corte perfeito. Se tivesse levado máquina fotográfica, era hoje que teria enviado uma foto ao Alfaiate.

Entretanto, e porque já tenho net (graças a Deus!), recomecei as minhas voltinhas pelas tocas. E encontrei no voltefacebook um post que roubo à descarada. Eu adoro dançar, pelo que gosto sempre destas coisas:


Black Eyed Peas - I gotta feelin'


Por fim

Já tenho net, o que é um alívio. Logo à noite I'm back on business...

sábado, 12 de setembro de 2009

Até tremi...

Grande, grande susto hoje... A mana espera a visita da cegonha outra vez (ainda não vos tinha dito), mas hoje vimos todos o caso mal parado... Aparentemente continua tudo bem, mas não sabem o que se passou. O que não me acalma assim muito. Não queria passar os próximos meses com o coração nas mãos... :S

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Cartão vermelho

Desafio no blog do Gato. Isto de me obrigarem a pensar...

Regras:

"Cada um deve fazer uma listinha com 10 escolhidos para dar o cartão vermelho. Pode ser uma pessoa, uma atitude, enfim, tudo aquilo que de alguma forma nos incomoda, se quiser e precisar, dê uma justificativa breve. Após fazer isso, passe a bola para mais cinco blogueiros e vamos ver no que dá..."


Eu dou cartão vermelho...

1 - À minha cabeça, quando começa a centrifugar.

2 - À soberba de algumas pessoas. O mundo seria bem melhor se cada um tivesse humildade suficiente para não achar que é melhor do que os outros.

3 - A todo o tipo de fundamentalismo. A conversar é que a gente se entende, acho eu.

4 - Ao sono que chega quando se tem de trabalhar.

5 - Ao trabalho que é preciso fazer quando se tem sono.

6 - À mentira.

7 - À falta de vontade/medo de mudar, quando a insatisfação com a vida que se tem é grande.

8 - À falta de delicadeza.

9 - ... à "Roda dos Alimentos", por a maior porção não ser ocupada por chocolate. (Esta tive de copiar, ó R.)

10 - A quem é incapaz de se pôr no lugar dos outros e acha que sabe tudo.


Passo a todos, que não me apetece escolher. E vou-me deitar, que o Piu-Piu está fartinho de perguntar, lá de dentro: 'Ó tiiiiiiia, quantas linhas faltam escrever para te vires deitar?'
(Não abdica da história, está bem de ver...)

Notas soltas

Hoje é sexta-feira. A semana passou a uma velocidade estonteante e, com, ela, os primeiros dias do resto da minha vida. Seja lá onde for, com quem for, até onde for. Como já fui pondo aqui algumas peripécias e sensações, não me vou alongar muito sobre o assunto. Deixo só algumas notas soltas (mais umas), de coisas várias:

1. A casa está quase (falta o quase) arrumada. Hoje já me senti mais à vontade num espaço que começa a ter a minha cara. Até as correrias dos gatos no andar de cima começam a parecer normais.

2. O cigarro de ontem foi substituído por isto:


É tão só um dos meus chocolates preferidos e a caixa está vazia... ;)
(Não, não comi tudo ontem...)

3. Hoje, pela primeira vez, estive em amena cavaqueira com os colegas aqui do estaminé. Nada como ter um maluco na sala para arranjar logo afinidades com os outros. Eh eh. O brasileiro cá do sítio é uma simpatia e, embora tenham dito que é tímido, conversa que se farta comigo. (Porque será?)

4. Já ando a precisar de um abraço e, nisso, as meninas são pródigas. Vou vê-las este fim de semana. Por falar em abraços, ontem dei por mim a pensar que há gestos muito simples a que eu sou extraordinariamente sensível. Gestos físicos, entenda-se. Coisas que, para a maioria das pessoas, passam despercebidas, mas que me marcam o mundo dos afectos de uma maneira indelével. Há pessoas que, quando penso nelas, recordo por esses gestos. Porque senti ali carinho (real ou não, não sei, porque pode só existir na minha cabeça) e essa foi uma coisa muito estranha de sentir. Dizem que há gestos que valem mil palavras e soaram a isso, estranhamente. Fico a pensar porque é que me parecem estranhos. Talvez seja apenas eu que não estou habituada a manifestações dessas. Enfim...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Experiências

O caricato de fazer experiências com o telemóvel é que, quando escrevemos um post através dele e não corre tudo bem à primeira, depois não sabemos corrigir o erro. Amanhã, a repetição vai-se auto-destruir num ápice. E continua a apetecer-me um cigarro...

Desejos

Se eu fumasse, era hoje que me sentava à janela com um cigarro na mão a pensar...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Estes dias

Tenho a impressão de que, com todas as coisas que se têm passado, o meu blog vai começar a ser digno daquela rubrica da Rádio Comercial de nome ‘O meu blog dava um programa de rádio’ (acho que é assim que se chama).

Se não, vejamos. Chego Domingo à noite a uma casa sem água nem luz e carregada de tralha (como é possível que uma só pessoa tenha tanta coisa???).

2ª feira de manhã acordo para uma cozinha de bradar aos céus, que se ‘esqueceram’ de limpar. Toca, por isso, a esfregar e esfregar, que eu não gosto de porcarias e só de pensar em meter as minhas coisas dentro de gavetas e armários naquele estado já me arrepio toda. Chega a luz, depois a água e descubro, entretanto, que não tenho gás. Maravilha das maravilhas, logo me calha a mim, que detesto água fria. Mas também, como o esquentador não funcionava, não me valia de muito. A manhã passou-se assim e, à tarde, resolvi tirar férias das limpezas e marchei para o trabalho. Lá me deram um sítio, mas entretanto descobri que não tenho pc (nem sei se virei a ter) e dentro do gabinete partilhado por várias pessoas há um estrunfe de um sueco que fala por monossílabos (quando fala), não cumprimenta ninguém e se apropriou de um armário inteiro que até queria fechar a cadeado. Deve ser agente secreto ou coisa que o valha, porque não sei que raio pode ter de tão importante quando o que temos todos são livros e papéis sobre coisas que não interessam ao comum dos mortais. Entretanto, à noite, já em casa, descubro que não tenho tv, porque não sei onde raio enfiei o cabo de ligação e ainda não me vieram ligar a tv+net que pedi. Também não houve problema. Entre uma trilogia que andava para ver há muito (abençoado mano e os dvs que me emprestou) e a montagem da mesa da sala, acabei por me deitar tarde. E descobri que tenho jeito para montagem de móveis. Informo todos os que cá virão de que NÃO sobrou nenhum parafuso e a mesa não cairá. Podem ficar descansados. ;)

3ª feira, mais uma manhã de limpezas. Desta vez, aparece-me cá o agente que me arrendou a casa e levou nas lonas, como se diz na minha terra. A vantagem de termos de nos desenvencilhar sozinhos é que aprendemos a defender-nos e eu agora não me calo. Teve azar, o homem, com a inquilina que lhe calhou, porque se há coisa que estou habituada a fazer é partir do geral para o particular e esquadrinhar todos os pormenores. Obriguei-o a ir ver as paredes que lavei, as gavetas ainda por lavar e o que não funcionava como devia ser. Deve ter resultado, porque ficou aflito e combinou logo comigo hora para me virem resolver o problema do esquentador e de umas ligações meio manhosas que não quero que fiquem assim, não vá o diabo tecê-las (eu não sou electricista, mas alguma coisa percebo de fios eléctricos). Pelo meio, mais uma manhã de limpezas, à espera dos homens do gás. Que, quando chegaram, iam sendo levados pela minha vizinha de baixo, uma daquelas velhotas de bairro que passa os dias à janela e sabe de tudo o que se passa nas redondezas, a deixar-lhe as botijas em casa, ‘porque eram para ela e eu tinha dito para lá ficarem’. Sorte minha, a empresa de gás dela não é a mesma que a minha. Senão, estava bem arranjada… À tarde, nova visita ao local de trabalho e um informático que passou aqui como um raio a ligar-me o portátil ao wireless. Tão bem ou tão mal, que continua sem funcionar, mas não lhe pude dizer, porque desapareceu num ápice. Ora, como eu já começo a bufar, não lhe auguro grande sorte, quando for ter com ele daqui a bocado, se se lembrar de brincadeira idêntica. Chegada a casa, mais arrumações (não sei onde tenho nada…) e tempo de descanso. Parar para alguns telefonemas e um filme enquanto estendo as pernas, que me doem imenso.

Hoje, quando acordo, tarde e a más horas, quase me espalho na casa-de-banho (acordei logo), cheia de água. Vinda do tecto, o que significa infiltração. Já não sabia se rir ou chorar. Venho a descobrir que os vizinhos deixaram uma janela aberta e que tiveram direito a uma invasão de chuva durante a noite. E que têm uma casa giríssima, embora meia fantasmagórica, com um corrimão de ferro trabalhado, panos e mobília ao estilo árabe. E gatos, vários, pretos. Tenho a impressão de que vivo por baixo de uma casa de bruxas (onde é que eu já ouvi isto?), mas não dei com o caldeirão. Resultado da brincadeira: toca a limpar, mais uma vez. E como os planos mudaram, ainda não consegui pôr em ordem a cozinha, que continua em pantanas. Apesar de isto já começar a tocar as raias do desespero, o bom que eu tenho é que, em muitas ocasiões, quanto mais difíceis se tornam as coisas, mais eu endureço e finco o pé. Nem sempre é bom, mas às vezes dá jeito, esta coisa do ‘when the going gets tough, the tough get going’. E por isso, depois de horas de trabalho doméstico, nada como tomar um banho quente (finalmente!), pôr um vestido bonito quando tenho por hábito andar sempre de calças e sair para o trabalho. Nem mesmo o ter-me perdido no metro (coisa rara, esta, mas um indício claríssimo do meu cansaço) e ter passado três vezes pela estação de Alvalade (Pfff… Não é assim que me convencem a passar a verde, não, não…) me tiraram o ânimo. E consigo espaço para me rir ainda do facto de ter de preencher um formulário ‘com caneta preta’. Olhe lá, ó senhora… Qual é o mal de ser a azul? Não sabe que é a-p-e-n-a-s A cor?

A semana vai a meio e parece que já vivi imenso tempo aqui. Cruzes… Espero brevemente ter direito a uns dias mais sossegados…

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Day two

E pronto. Uma azáfama, este dia. Lavar, limpar, arrumar. Fazer compras.
Andei, andei, andei, estou cansadíssima. E sem net em casa, o que é uma seca.

E fazem-me falta as palavras. As conversas e as companhias (ou a possibilidade delas). É quase tudo novo nesta minha vida nova. Talvez por isso, cada palavra, cada sorriso, cada beijo hoje soube especialmente bem. Ir ao local de trabalho ajudou, talvez porque, mesmo sendo novo, há algo de muito familiar no que vou fazer e eu gosto de sentir o meu passado a voltar, em alguns casos.

Dia a dia, vamos andando. Devagarinho, em passo de Ouriço.

domingo, 6 de setembro de 2009

Day One

Let's rock and roll in a new town...




sábado, 5 de setembro de 2009

P.

Há coisas que de vez em quando fazem um clique e nos levam a pensar isto ou naquilo ou nos recordam esta ou aquela pessoa.

Há uns dias atrás, nas minhas voltas pelos tubos do tu, dei com uma música de que gosto muito. Comecei a ouvir e de repente lembrei-me da P. Fiquei a pensar porque seria, mas não foi difícil adivinhar. Foi a mão mais próxima, mais crua, mais honesta, mais forte, mais presente que tive este ano que passou. Um contentor para as minhas dores, alegrias, certezas, dúvidas, esperanças, desaires, histórias. Para a noite, para o frio, para o vazio, para o espaço, para o renascimento, para o dia, para a vida. Conhece o meu avesso como ninguém, talvez até melhor que eu mesma. E tem uma fé em mim e até onde eu posso chegar que me deixa sempre a olhar (não é interessante como às vezes os outros vêem mais fundo do que nós dentro da nossa pele?).

No meio dos saltinhos que andei a dar no ano que passou, preparo um salto que, para mim, é de gigante. Diz-se que nós conseguimos o que desejamos lá no fundo. A mim calhou-me a P., num salto em direcção ao desconhecido que me permitiu crescer até aqui. Ela abriu a porta da casa e eu dispus a mobília. Não deixei nada no sítio, revirei todos os cantos porque só limpando bem a casa se pode fazer mudança. E por isso posso hoje dizer que "a noite foi tão dura e difícil de sarar/mas onde tudo morre tudo pode renascer".

A P. não está tão presente agora (pelo menos no meu dia-a-dia real, porque está muito presente nas minhas conversas com os meus botões), mas continua aqui, nas mãos que me deixou e que me agarraram e me ajudam a perceber o que por aqui anda e me ajudam a andar na direcção cada vez mais definida do meu centro. Mãos que me ensinam que o afecto não tem medida e pode ser dado e deve ser recebido. Que me revelam um eu que não sabia ser assim e de que gosto cada vez mais.

Já não me lembro bem do que eu era há um ano atrás. Nem consigo explicar de que forma me armei e fui à luta. Que força é esta que encontro em mim de cada vez que mergulho no caos. Sei só que a tenho. E que combati um bom combate que ainda não terminou (algum dia termina?), mas que já não é uma guerra que não entendo. E já não estou sozinha, na angústia de não ser entendida. É tão bom percebê-lo...




O Lugar

já é noite, o frio está em tudo o que se vê
lá fora ninguém sabe que por dentro há vazio
porque em todos há um espaço que por medo não se deu
onde a ilusão se esquece do que o medo não previu
já é noite o chão é mais terra p'ra nascer
a água vem escorrendo entre as mãos a percorrer
todo o espaço entre a sombra entre o espaço que restou
para refazer a vida no que o medo não matou


mas onde tudo morre tudo pode renascer
em ti vejo o tempo que passou
vejo o sangue que correu
vejo a força que me deu quando tudo parou em ti
a tempestade que não há em ti
arrastando para o teu lugar e é em ti que vou ficar


já é dia e a sombra está em tudo o que se vê
lá fora ninguém sabe o que a luz pode fazer
porque a noite foi tão fria que não soube acordar
a noite foi tão dura e difícil de sarar

mas onde tudo morre tudo pode renascer
em ti vejo o tempo que passou
vejo o sangue que correu
vejo a força que me deu quando tudo parou em ti
a tempestade que não há em ti
arrastando para o teu lugar e é em ti que vou ficar


mas eu descobri a casa onde posso adormecer
eu já desvendei o mundo e o tempo de perder
aqui tudo é mais forte e há mais cores no céu maior
aqui tudo é tão novo e o que pode ser amor

e onde tudo morre tudo volta a nascer
em ti vejo o tempo que passou
vejo o sangue que correu
vejo a força que me deu quando tudo parou em ti
a tempestade que não há em ti
arrastando para o teu lugar e é em ti que vou ficar

já é dia e a luz está em tudo o que se vê
dentro não se ouve o que lá fora faz chover
na cidade que há em ti encontrei o meu lugar
e é em ti que vou ficar.


quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Notas soltas

Neste jogo que é a vida, estes dias têm sido pródigos em correrias e tempos de paragem. Sensações, conversas, risos, lágrimas, pensamentos ficam no ar. Alguns deles aqui também.

1. Apesar de portista, tive a companhia do 'mano lampião' nas mudanças que ando a fazer para a capital. Correu tudo bem, até à hora em que, no regresso, passámos pelo Estádio da Luz e lhe apeteceu cantar a plenos pulmões aquela do 'Glorioso não sei o quê'. Como era ele que ia a conduzir, não o pude pôr fora do carro. E, não sei porquê, prometi-lhe guarida em dia de jogo SLB-FCP. Mas não o convenci a juntar-se aos azulinhos nesse dia. Também, o que se poderia pedir a um benfiquista a visitar a sua casa?

2. As estradas da capital só estão no sítio certo se levarmos um GPS. Se não o fizerem, dão com vocês num ápice do lado errado da linha do comboio. I should know better...

3. Informações importantes: Carnaxide não é o mesmo que Alfragide (A., para a próxima, lê as placas antes de dares indicações). O Natal já começou: as decorações natalícias já estão à venda. Não acreditem na política dos tempos de espera do Ikea. Afinal, estamos em Portugal...

4. Um amigo perguntou-me, ao explicar-me o caminho, se tinha trazido a bússola comigo. Apontei para a minha cabeça, dizendo: 'Eu não me perco de mim mesma. E, se acontece, encontro-me sempre.' Devia ter apontado para o meu coração também. Não me lembro nunca de andar tão perto do meu centro como agora.

5. Ao arrumar as coisas para levar, dei com um prato pintado pela minha avó, no meu longínquo aniversário de 1995. Por trás, uma dedicatória que reza, entre outras coisas, assim: 'Para a F. da Vóvóginha Qu'ida' (a forma carinhosa como eu a tratava, em pequenina). Conheço bem aquela dedicatória, mas desta vez chorei perdidamente abraçada ao prato que nunca conseguirá substituir os braços da minha avó querida. Com a clara e repentina noção (o que nós aprendemos a reconhecer...) de que tive ali um colo importantíssimo toda a vida. A minha avó não era perfeita, fazia e dizia cada uma que não lembrava ao diabo, dava-se mal com muita gente, mas criámos as duas um reduto de amor que nos acompanhou sempre. Pintava muitas coisas, entre elas almofadas para as noivas da família. Um dia disse-me 'Vou pintar as últimas. São para ti.' E pintou. E eu tê-las-ei comigo sempre, quer case quer não. Tenho mais abraços destes que ela me deixou para que eu me lembre que sempre houve colos e sempre haverá. E que há amores indestrutíveis e que nos marcam mais do que quaisquer dores, dando forma ao nosso coração.


terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pffff...

Ontem, o meu mano, enquanto combinava comigo a ida a Lisboa: "Quatroooooooooo!" E depois: "Cincooooooooooooo!"

Pois... Estava a ver o seu clube a marcar golo atrás de golo. Não fosse ele meu mano e eu lhe dizia... Mas pronto, sempre há um ou outro benfiquista que escapa...

Eh eh

Da amizade

O meu amigo 13 resolveu transcrever um texto do MEC que me chamou a atenção. Pondo de parte os sarcasmos e ironias, fiquei a pensar nas ideias subjacentes às palavras.

Nunca gostei de enfiar as pessoas em sacos, talvez por me ter sentido sempre incapaz de me agrupar (é o que dá sentirmo-nos ETs). Tenho, por isso, muita dificuldade em conversas onde se rotulam homens e mulheres de uma forma absolutamente linear, como se a individualidade não existisse, mas tudo o que importasse fosse o sexo a que cada um de nós pertence.

De entre algumas coisas que me chamaram a atenção, fixei-me nisto: "todas dizem que, em termos de amizade e companhia, preferem os homens às mulhe­res. Os homens ainda são mais simples". Eu não tenho muitos amigos homens, mas não concordo. Eu não prefiro os homens às mulheres. Prefiro os meus amigos que sabem ser amigos, independentemente do seu sexo. E, a nível de amizade, os homens NÃO são nada simples, pelo menos no que toca a mulheres. Ou será só comigo?

Explico. Eu, com as minhas amigas, descanso. Conversamos, rimos, brincamos, choramos até, se preciso for. É um tempo de paragem, se me apetecer parar. E posso relaxar. Com alguns homens não é bem assim e por uma simples razão: não se pode ter uma ou duas conversas com eles que se transformam em pinga-amores (atenção: eu disse 'alguns'. Há quem respeite o meu espaço e me deixe sossegada). É como se olhassem para mim e decidissem, por causa de meia dúzia de momentos, que eu sou boa para uma aventura. E começam, por isso, a 'rondar' de forma mais directa, numa tentativa de sedução. Mas a mim faz-me confusão como é que homens que pouco me conhecem me dizem, absolutamente convictos, que 'nós vamos ter alguma coisa' ou 'é assim que te vou conquistar'. Um pouco a situação que descreve a Marciana de serviço que também me pôs a pensar nisto.

Como eu não sou, por norma, assim tão rápida e ando muito desconfiada, porque o meu coração é bom a pregar partidas, os pensamentos não coincidem. E, porque ando a dizer aquilo que penso, acabo a dar-lhes para trás. Às vezes de forma directa, às vezes de forma sarcástica, às vezes simplesmente afastando-me, o que os faz queixarem-se dos picos. E, das duas uma: ou se afastam (é muito interessante ver como sou 'substituída' por outro alguém com uma rapidez impressionante - sinal de imaturidade emocional, a meu ver) ou resolvem ficar ali a tentar e a tentar. Ora eu, como ando em fase de detestar que subestimem aquilo que digo (já me chegou), acabo por me irritar com a situação. Como é que se explica que um 'não' é um 'não' e não um 'nim' ou um 'sim'? E como se faz um homem entender que gostamos muito dele como amigo e nada mais? Depois queixam-se que sou bruta que nem portas... Mas é que nem assim percebem...

Eu, neste momento, não descarto nada. Não descarto resolver ficar sozinha, apaixonar-me rapidamente por alguém que conheço pouco ou de repente dar conta de que um amigo já não é simplesmente um amigo. Mas descartava bem estes jogos esquisitos que me impedem de relaxar. É que chego a uma altura em que dou por mim a medir tudo o que digo com todos os homens 'disponíveis' que considero meus amigos porque tenho receio que aqueles que ainda se comportam de forma natural desatem a pensar com a cabeça de baixo.

Eu não me importo que mostrem interesse por mim. Mentiria se dissesse que não faz bem ao ego. Mas gostava que alguns percebessem que, se digo 'não' é porque, de facto, não quero mais nada que não uma amizade. E que, se estiver interessada, seja no que for, direi 'sim' se quem estiver do outro lado quiser aprofundar alguma coisa. Sem subterfúgios, sem jogos de fazer charme e de me armar em difícil, que eu já sou difícil por natureza, mesmo sem querer.

Para chegarem a mim, têm de conseguir que baixe a guarda e só consigo baixar a guarda quando não me sinto invadida e só não me sinto invadida quando me fazem sentir em paz e só me fazem sentir em paz quando se comportam com naturalidade e não se desatam a insinuar feitos tolos, como se tivessem de me enfiar na cama deles à viva força. Faz sentido que eu não queira dormir com os meus amigos, não? Ou sou eu que sou complicada?