Há uns dias atrás, nas minhas voltas pelos tubos do tu, dei com uma música de que gosto muito. Comecei a ouvir e de repente lembrei-me da P. Fiquei a pensar porque seria, mas não foi difícil adivinhar. Foi a mão mais próxima, mais crua, mais honesta, mais forte, mais presente que tive este ano que passou. Um contentor para as minhas dores, alegrias, certezas, dúvidas, esperanças, desaires, histórias. Para a noite, para o frio, para o vazio, para o espaço, para o renascimento, para o dia, para a vida. Conhece o meu avesso como ninguém, talvez até melhor que eu mesma. E tem uma fé em mim e até onde eu posso chegar que me deixa sempre a olhar (não é interessante como às vezes os outros vêem mais fundo do que nós dentro da nossa pele?).
No meio dos saltinhos que andei a dar no ano que passou, preparo um salto que, para mim, é de gigante. Diz-se que nós conseguimos o que desejamos lá no fundo. A mim calhou-me a P., num salto em direcção ao desconhecido que me permitiu crescer até aqui. Ela abriu a porta da casa e eu dispus a mobília. Não deixei nada no sítio, revirei todos os cantos porque só limpando bem a casa se pode fazer mudança. E por isso posso hoje dizer que "a noite foi tão dura e difícil de sarar/mas onde tudo morre tudo pode renascer".
A P. não está tão presente agora (pelo menos no meu dia-a-dia real, porque está muito presente nas minhas conversas com os meus botões), mas continua aqui, nas mãos que me deixou e que me agarraram e me ajudam a perceber o que por aqui anda e me ajudam a andar na direcção cada vez mais definida do meu centro. Mãos que me ensinam que o afecto não tem medida e pode ser dado e deve ser recebido. Que me revelam um eu que não sabia ser assim e de que gosto cada vez mais.
Já não me lembro bem do que eu era há um ano atrás. Nem consigo explicar de que forma me armei e fui à luta. Que força é esta que encontro em mim de cada vez que mergulho no caos. Sei só que a tenho. E que combati um bom combate que ainda não terminou (algum dia termina?), mas que já não é uma guerra que não entendo. E já não estou sozinha, na angústia de não ser entendida. É tão bom percebê-lo...
O Lugar
já é noite, o frio está em tudo o que se vê
lá fora ninguém sabe que por dentro há vazio
porque em todos há um espaço que por medo não se deu
onde a ilusão se esquece do que o medo não previu
já é noite o chão é mais terra p'ra nascer
a água vem escorrendo entre as mãos a percorrer
todo o espaço entre a sombra entre o espaço que restou
para refazer a vida no que o medo não matou
mas onde tudo morre tudo pode renascer
em ti vejo o tempo que passou
vejo o sangue que correu
vejo a força que me deu quando tudo parou em ti
a tempestade que não há em ti
arrastando para o teu lugar e é em ti que vou ficar
já é dia e a sombra está em tudo o que se vê
lá fora ninguém sabe o que a luz pode fazer
porque a noite foi tão fria que não soube acordar
a noite foi tão dura e difícil de sarar
mas onde tudo morre tudo pode renascer
em ti vejo o tempo que passou
vejo o sangue que correu
vejo a força que me deu quando tudo parou em ti
a tempestade que não há em ti
arrastando para o teu lugar e é em ti que vou ficar
mas eu descobri a casa onde posso adormecer
eu já desvendei o mundo e o tempo de perder
aqui tudo é mais forte e há mais cores no céu maior
aqui tudo é tão novo e o que pode ser amor
e onde tudo morre tudo volta a nascer
em ti vejo o tempo que passou
vejo o sangue que correu
vejo a força que me deu quando tudo parou em ti
a tempestade que não há em ti
arrastando para o teu lugar e é em ti que vou ficar
já é dia e a luz está em tudo o que se vê
cá dentro não se ouve o que lá fora faz chover
na cidade que há em ti encontrei o meu lugar
e é em ti que vou ficar.
já é noite, o frio está em tudo o que se vê
lá fora ninguém sabe que por dentro há vazio
porque em todos há um espaço que por medo não se deu
onde a ilusão se esquece do que o medo não previu
já é noite o chão é mais terra p'ra nascer
a água vem escorrendo entre as mãos a percorrer
todo o espaço entre a sombra entre o espaço que restou
para refazer a vida no que o medo não matou
mas onde tudo morre tudo pode renascer
em ti vejo o tempo que passou
vejo o sangue que correu
vejo a força que me deu quando tudo parou em ti
a tempestade que não há em ti
arrastando para o teu lugar e é em ti que vou ficar
já é dia e a sombra está em tudo o que se vê
lá fora ninguém sabe o que a luz pode fazer
porque a noite foi tão fria que não soube acordar
a noite foi tão dura e difícil de sarar
mas onde tudo morre tudo pode renascer
em ti vejo o tempo que passou
vejo o sangue que correu
vejo a força que me deu quando tudo parou em ti
a tempestade que não há em ti
arrastando para o teu lugar e é em ti que vou ficar
mas eu descobri a casa onde posso adormecer
eu já desvendei o mundo e o tempo de perder
aqui tudo é mais forte e há mais cores no céu maior
aqui tudo é tão novo e o que pode ser amor
e onde tudo morre tudo volta a nascer
em ti vejo o tempo que passou
vejo o sangue que correu
vejo a força que me deu quando tudo parou em ti
a tempestade que não há em ti
arrastando para o teu lugar e é em ti que vou ficar
já é dia e a luz está em tudo o que se vê
cá dentro não se ouve o que lá fora faz chover
na cidade que há em ti encontrei o meu lugar
e é em ti que vou ficar.
8 comentários:
És um ouriço cheio de sorte (de seres tu e saberes quem és) e de força. :)
Eu também não me lembro do Ouriço há um ano atrás. Conhecia-o, mas ao mesmo tempo não o conhecia. E sabes que mais? Com todos os picos, está aí um grande Ouriço. A P. tem fé em ti? Está coberta de razão. Eu também tenho fé em ti. E vá aparecendo quem fale a mesma língua. :)
R.
Não há longe nem distância :)
Beijos
onde estou chove tanto e estas palavras deram-me o sol.
Obrigado para sempre ouriço (sem picos).
Princesa Canela:
Vou tendo sorte e vou sendo forte. :)
R.:
Amen!! ;)
LBJ:
Há, mas compensa-se com outras coisas. :)
catcha pum pum poing:
Há sempre sol por trás das nuvens, não é?
Abraço apertado, apertado...
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