Andar de blog em blog em estas coisas. Muitas pessoas a fazer balanços levaram-me a fazer o meu.
Este ano foi dos piores que já tive. E dos melhores também.
Começou da pior maneira que se possa imaginar e até Fevereiro não melhorou literalmente nada. Dois meses que recordo como os piores da minha vida, uma solidão atroz, uma dor intensíssima. Sofrer, sofrer, sofrer como eu sei que sou capaz, mas como eu não pensei que algum dia viesse a acontecer. A morte em vida, a vida morta.
Quase.
Porque, apesar das feridas e das quedas vertiginosas, eu caio sempre de pé. No fim, consigo sempre dar a volta. E foi isso que comecei a fazer. No fim de Fevereiro, precisamente quando me sentia a sufocar, um convite. Lembro-me claramente de ver, na minha cabeça, uma sala com janelas a abrir subitamente de par em par. Eu sabia que aceitar implicava muito trabalho. Mas também muitos fins-de-semana fora de casa, muitos conhecimentos, novos amigos. Uma lufada de ar fresco, portanto, exactamente quando precisava. E disse que sim.
Até Maio/Junho foi tempo de sair do coma. Comecei a ter noção de que precisava de dar uma volta radical a muitas coisas. Porque já não me sentia bem onde estava e com quem estava. Era altura de exigir. De pensar em mim.
São tempos de que tenho memórias vagas. Profissionalmente foi uma época de pensar em novos caminhos, de fazer novos projectos.
As férias chegaram e, com elas, o ponto final na confusão. Apareceu uma mão amiga que me tem ajudado a reerguer. Conversas sobre conversas. Que me marcaram em duas coisas.
Primeiro fizeram-me zangar (eu raramente me zango) com tudo e todos. Com os laços com que me prenderam, com as manipulações, com as ideias feitas, com aquilo que acham que é melhor para mim, com o casulo onde me encontrava. As férias em família foram horrorosas, mas serviram para uma coisa: criar o meu espaço. Agora começo a ter o meu lugar, não me sinto a mais, nem um ET. E já não me pisam.
Segundo, fizeram-me tomar decisões. Eu sou lenta, lentíssima a tomar decisões. Peso tudo. E, por isso, quando saio de alguma coisa, saio com certezas. E de pé. E terminou, assim, uma relação que me fez muito mal. Ponto.
Setembro marcou o início da parte boa deste ano. Planos pessoais, projectos profissionais em andamento. A minha casa começou a tomar forma. Até lá chegar, fui andando devagarinho. Profissionalmente, vi-me num limbo que não ajudou. Sabermos que temos trabalho, mas que há que esperar... Enfim.
Foi também nesta altura que o blog nasceu como é agora. E foi (tem sido) uma janela fantástica para o mundo. Por ele alarguei horizontes, conheci novas pessoas, não me senti tão sozinha. Passo a passo vai-me ajudando a caminhar. Porque ao escrever o que sinto é mais fácil dizer o que sinto. Um bom treino, portanto, para a vida real.
Entretanto, a mudança de casa fez-me muito, muito bem. Sentirmo-nos sozinhos é uma coisa, vivermos sozinhos é outra. E, por incrível que pareça, eu estou extraordinariamente confortável na minha solidão. Apesar de sonhar com alguém que me entenda e me aprecie, sinto-me bem assim. Mais eu, mais autêntica. E isso é que importa.
Há um mês, mais ou menos, a vida profissional começou a tomar forma. Se tudo correr como o previsto, Lisboa será um destino frequente nos próximos anos. Depois... logo se vê...
Por tudo isto, um ano mau transformou-se em bom. Este ano, a festa vai ser tranquila, mas boa. Em paz. E isso é o que importa.
DIA 01 de DEZEMBRO: o MÊS "OFICIAL" DO NATAL
Há 2 semanas