O problema são as escolhas, claro. As tuas e as minhas. Das tuas sabes tu e são boas, parece-me. Das minhas sei eu e estou convicta de que são o melhor para mim, pelo menos por agora.
Um dia perguntaste-me, a propósito disto, se não seria possível ter o melhor de dois mundos. Disse-te que não. A repartição acaba por trazer o inferno ao de cima. Por isso é tão verdade aquele ditado 'quem tudo quer, tudo perde'.
Há homens que dá vontade de ter conhecido a vida inteira. Pelo muito que já viveram, pelo muito que sabem, pelo muito que são. Tu tens muito daquilo que eu gostaria para mim. Mas trazes agarrado à pele o medo, a dúvida, a descrença. E és impaciente e queres tudo, apesar de saberes que não é possível. Como os meninos ao pé dos carrinhos dos doces, quando querem comer uma nuvem de algodão doce, mas não querem esperar e acabam por gastar todo o dinheiro num chupa-chupa, ficando a sonhar depois com o açúcar a derreter na boca e nos dedos.
Tu queres tudo e, como exemplar masculino que és, não te convences de que não pode ser. Eu percebo. Mesmo muito bem. Nesta terra, no teu mundo, e com outra mulher, provavelmente poderia ser e seria. Mas comigo não. Eu não sou assim porque a vida já me ensinou muito. Sou bem mais velha do que tu em algumas coisas, apesar dos anos que nos separam. E sei que há coisas pelas quais vale a pena lutar. Eu conheço o lugar do tesouro. O colo. Lembras-te?
Disse-te uma vez que tenho a impressão que cumpro, na tua vida, o papel de te mostrar o que poderias ter tido e sempre tiveste medo de procurar. Continuo a acreditar que é verdade. Nada a fazer. Por isso sorrio tranquila, embora te sinta 'atravessado' em mim. Prefiro ter um bom amigo (e tu és tão, mas tão meu amigo, que eu sei...) a ter um mau amor. É uma decisão que sabes e que se baseia na minha cabeça e não no meu coração. Pelo menos para já será assim. Porque há caminhos de reconstrução que já fiz e que não quero repetir.
Eu agora cuido de mim e deste coração tão sensível e frágil que guardo nas mãos. Nas minhas mãos. Em última análise, só elas conseguirão evitar que se parta em mil pedaços outra vez. E tu és demasiado importante para mim para correr o risco de deixar que o partas. Porque seria o que aconteceria, não é? E acabarias por desaparecer da minha vida. Pelo que aí vem, tudo diz que sim e tu sabes, embora não queiras saber.
Eu não sei bem o que quero, mas sei o que não quero. Não te quero por uns dias, umas horas, uns tempos. Não chegaria, não como estou, provavelmente não como sou. Por isso resisto. E relembro, cada vez que nos encontramos, o que poderia ter sido e não foi. E fico com aquilo que somos. Porque há um 'nós' feito de carinho algures por aqui.
14 comentários:
Sendo assim, neste sentido já será complicado (para não dizer perigoso, para quem quer que seja) ir a trás da cabeça... :)
E aos poucos começo a perceber (aprender) tanta coisa...
13:
É perigoso ir atrás da cabeça? Porquê? Não percebi. Explica lá, que também quero aprender. :)
Tu, do teu lado, aas ainda bem que vais aprendendo. Eu tenho fama de ensinar bem. :)
São nós complicados de desatar. Ninguém o fará na nossa vez. Um abraço para dar coragem,
R.
R.:
Não me parece que haja nós para desatar. Há 'nós', como há outros 'nós', como há muitos 'nós' na vida de toda a gente. Este 'nós' sabe bem assim como é. Carinhoso. :)
ESte texto não é uma transição do texto anterior? É que o meu comentário é uma rectificação do anterior...
13:
Os textos não são transição (embora tenha pensado que poderiam ser associados), mas eu concordo contigo em seguir a cabeça. Assim sendo, porque é que seria um perigo segui-la?
É perigoso porque interpretei o texto anterior de outra forma. Tomei-o no sentido oposto... Mas apesar disso, e com as tuas respostas apercebi-me que afinal, apesar disso, o que comentei fazia sentido no sentido que tu aplicaste, ou seja, o melhor é seguir a cabeça :s
Confuso, não? É típico :) O facto de não haver uma comunicação mais pronta e rápida dá nisto...
Mantenho então o meu comentário do texto anterior e retiro o que disse acerca do perigo :)
13:
Realmente, às vezes parece que falta o espaço da voz, não é? :)
Este teu homem é casado?
:)
Raispartam os homens casados...
E as mulheres também.
volteface.book:
Casado? Não. Não quero nada com homens casados. Se fosse, nunca teria recebido um recado destes. É só alguém que fez as suas escolhas e não sabe muito bem o que fazer com elas. :)
Ele há alturas na vida em que se está sózinho e quando isso muda, num repente surgem inúmeras opções. Sempre foi assim.
Pois. Mas é bom sinal, não é? :)
Pois só no fim se verá...
volteface.book:
É sempre bom termos alguém que goste de nós, mesmo que as nossas escolhas nos levem para outro lado, meu caro... No fim, o que conta é o que amámos e o que fomos amados... :)
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