Espanha. Tão longe e tão perto. É, desde há muitos anos, uma casa e continua a ser. Foi muito bom ter ido, por várias razões.
Uma delas, por ter voltado a acontecer o que vai começando a ser habitual, embora eu ainda não me tenha habituado e continue a ser apanhada de surpresa. Primeiro um sentar-se ao lado, uma procura de conversa. Depois, e perante a justificação ‘No he tenido tiempo porque han estado hablando conmigo’, uma resposta: ‘Claro. Tu eres muy simpática e después la gente te busca para hablar…’ Mais à frente, um ‘Te estaba buscando. Vamos al pueblo a beber un café y me acordé de ti.’ Mesmo no fim, um ‘Pienso que todo estamos de acuerdo en que tu conquistaste un rincón en nuestro corazón.’ Fixei estes momentos, mas houve mais. Momentos de conversa puxadas devagarinho. De (re)conhecimento. Que me apanharam de surpresa, por não terem sido únicos. Ouvi ainda outras coisas, vindas de outros lugares, como “a sweet for a sweet person” (ai, P., os gajos de vinte… Eh eh). No fim, e porque eu vou aprendendo a não ser tão atada nestas coisas, saiu-me um ‘Quando fores a Lisboa, diz-me. Vamos tomar um café.’ E de um madrileño andaluz que fala português ouvi um ‘Vou muitas vezes a Portugal. Quando lá for, telefono.’
A probabilidade de isto vir a acontecer é ínfima, como ínfima é a probabilidade de sair daqui alguma coisa. A minha frieza tão própria nestas coisas diz-me que há coisas, como a distância, que pura e simplesmente ditam estes acontecimentos como únicos e irrepetíveis. Não faz mal. Foi bom, tão só, sentir que continuam a acontecer.
À chegada a casa, quase no fim da viagem, e a ouvir uma rádio que nunca ouço, vinha a pensar nisto tudo com o coração quente de sorrisos. A recordar, a medir, como eu gosto de fazer. Num momento de anti-clímax, em que comecei a pensar no que me faz falta, de repente, na rádio, Sérgio Godinho começou a cantar ‘Com um brilhozinho nos olhos…’ E saiu-me uma gargalhada pela coincidência.
A pesar de que no conoces a este blog y probablemente nunca lo vas a conocer, J., yo te agradezco por enseñarme que todavía los hay por ahí. Ha sido importante para mí, ahora que empezaba a pensar que no era posible. Así que, por todo ésto, hoy, pongo aquí esta canción:
PS – Há bocado, ao abrir o mail, levei com mais de vinte pedidos de confirmação de amizade no Facebook. Praticamente todos espanhóis, conhecidos destes dias. Sorri. É bom ver destas coisas.
SANTO ANTÓNIO ou O AMOR SECRETAMENTE PEDIDO
Há 5 meses
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