sábado, 29 de agosto de 2009

Do passado

Hoje foi dia de almoço de família em casa de um tio. Quando lá chegámos, tínhamos a surpresa de duas tias-avós. Eu já não tenho nenhum dos meus avós nesta vida. Mas ainda tenho três tios-avós, um homem e duas mulheres, em cujos traços recordo as feições do meu avô materno. Gosto sempre, por isso, de os rever, quanto mais não seja porque cada vez que acontece sai sempre de lá um abraço sentido e sorrisos de ternura. Hoje não foi diferente.

À mesa do quintalinho de casa do meu tio, rimos e pusemos as conversas em dia. E as minhas tias ficavam com frequência a olhar enternecidas para as mafarriquitas mais pequenas, que por ali andavam a correr e a brincar no meio das plantas, a subir às cadeiras, a esconderem-se debaixo das mesas ou a treparem para o colinho da tia onde às vezes resolviam vir descansar. No meio da brincadeira, de repente percebi que tinha ali quatro gerações da minha família. E que as meninas, embora não tenham conhecido os bisavós (o meu Piu-Piu ainda nasceu uns meses antes da minha avó falecer, mas não se lembra dela, como é óbvio), tinham ali duas tias-bisavós com quem falaram e brincaram.

E eu fiquei ali a olhar para o meu passado e para o meu futuro. Para tanto de nós que passou, para tanto de nós que ainda vai passar. E a desejar sentir mais vezes a sabedoria serena de quem já passou por muitos tempos e sabe muito por dentro de si. A desejar sentir mais vezes aquele reduto de paz de quem transporta a tranquilidade em si. Não sei se um abraço apertado tem o condão de revelar o amor que nos vai na alma. Espero que sim.


2 comentários:

Pulha Garcia disse...

Acho o contacto entre os mais novos e os mais velhos da mesma família muito importantes. Por vários motivos. No entanto, frequentes vezes é subestimado.

mf disse...

Pulha:
Tens razão, muita gente não valoriza o contacto entre gerações. Nunca foi o nosso caso, mesmo estando longe. Pelo que agora gostamos dele e procuramo-lo. E sabe bem, mesmo nos momentos em que significa cuidar de quem já não consegue cuidar de si. Estas coisas aprendem-se se houver educação nesse sentido.