sexta-feira, 14 de agosto de 2009

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O post de ontem trouxe-me uma surpresa e relembrou-me uma realidade que tenho vindo a constatar e que ainda não consegui absorver (eu, quando tenho dúvidas,…).

'Os homens não choram', é frequente ouvir por aí. Não sendo homem, sou o perfeito protótipo da frase, já que raras vezes me viram chorar. Não é, de facto, frequente, porque me faz sentir extraordinariamente frágil e envergonhadíssima por o mostrar. Uma durona, já me disseram. É mais ou menos isso.

Uma das coisas que me faz evitá-lo é a noção que tenho (provavelmente errada, como tenho vindo a perceber) que os homens não gostam de mulheres choronas. Pronto, vá, eu sei bem que há uma grande diferença em estar sempre com a lágrima no olho ou chorar quando nos faz falta exteriorizar a dor. Mas como eu passo facilmente do oito ao oitenta, meto tudo no mesmo saco: uma lagrimita que seja é já um rio. E depois de escrever o último post – e com a vontade gigantesca de o tirar que sempre sinto quando desabafo qualquer coisa mais cá de dentro – fiquei a pensar para mim que os homens (as mulheres reconhecem os sentimentos, acho) que visitam a toca iriam encolher os ombros, assobiar para o ar e pensar 'olha, mais uma lingrinhas desesperada. "Raisparta" as mulheres, todas iguais'.

Pois não foi o que aconteceu. Muito pelo contrário. O que me leva a constatar que é a minha percepção que está errada, embora isso me deixe um bocadinho sem pé, porque fico sem saber qual será, na realidade, aquilo que um homem procura numa mulher, a este nível.

Nunca o 'só sei que nada sei' fez tanto sentido. Cada vez percebo menos de homens…

10 comentários:

Apple disse...

És tu e eu...Cada vez o percebo menos e a mim também já me confundo um bocado.

1REZ3 disse...

E eu a pensar que eram as mulheres que não gostavam de homens que chorassem... :)

Se há coisa que compreendo é a questão pessoal ou profissional de que falas no texto anterior.

Permite-me só corrigir uma frase - as mulheres não são todas iguais.

Sabes, acredito que a forma e a frequência com que expõem as vossas emoções acabam por ser um escape para nós que lemos. É uma forma de nos identificarmos e participarmos.
Bem, pelo menos falo por mim.

LBJ disse...

Os homens são bichos estranhos que falam um dialecto de língua e acções incompreensíveis e depois perdemo-nos…

Bia disse...

Gostei muito de ler estes dois últimos posts.
Sinto muita vez isso que sentes, com a diferença que de facto não tenho essas tais mãos que nos apetece segurar no momento certo.
chorar alivia qualquer coisa.
mas a mim, escrever, é verdadeiramente expiativo.
E já pensei tantas vezes apagar o que escrevo. Mas não. Fica o registo, que se lixe.

Espero que estejas melhor.
Traça o plano sozinha. A vida é o fazemos dela
***

mf disse...

Apple:
Estou melhor do que tu, então, porque ando a perceber um bocadito mais de mim. No meio da salada, já é qualquer coisa... ;)

mf disse...

13:
Esta mulher gosta de um homem que seja aquilo que é e o demonstre sem ter medo de não ser compreendido ou amado. Afinal, uma relação só tem sentido se os dois se sentirem suficientemente em casa para vestirem a sua verdadeira pele, não é?

"As mulheres não são todas iguais". Tens toda a razão. Mas a ideia que passa é a de que o choro é das mulheres e de que elas é que não são capazes de se controlarem. É muito fácil porem-se todas dentro do mesmo saco, embora nem todas confirmem o estereótipo. É bom ver, de qualquer maneira, que os há que não pensam assim.

"É uma forma de nos identificarmos e participarmos." Muito interessante esta frase. Sobretudo porque há muitos homens que se recusam a participar numa partilha de sentimentos.

mf disse...

LBJ:
Dixi.

mf disse...

Bi:

"Sinto muita vez isso que sentes". Acredito piamente. Muito do que escreves eu poderia também escrever.

"Não tenho essas tais mãos".
Eu vou tendo. Embora não sejam 'aquela' mão.

"Escrever é verdadeiramente expiativo."
Não imaginas a tortura de não vir aqui estes quinze dias com a regularidade a que estou habituada. Precisamente porque escrever se tornou expiativo. Às vezes sentia-me a rebentar por dentro.

"Que se lixe."
Pois é exactamente o que eu penso. :)

"A vida é o fazemos dela."
Tens toda a razão. E ainda me falta muito para andar.

Beijo

R. disse...

Lágrimas não são todas iguais e a intepretação de quem as vê ainda menos. Não sei se vale a pena preocuparmo-nos muito com isso.

Tens, no entanto, esta vantagem - as mulheres estão autorizadas a chorarem. Percebendo o muro que é não o fazer, percebes igualmente o escape que representa.

Coragem, rapariga. Já contaste a quantidade de gente que te tem vindo a dizer que gosta de ti? :)

mf disse...

R.:
"Não sei se vale a pena preocuparmo-nos muito com isso."

É na tentativa de começar a deixar de me preocupar com a fragilidade que transmito ou não que posts destes vão saindo.

"as mulheres estão autorizadas a chorarem"
Comigo, os homens também estão autorizados a chorar. Aqui não há barreiras.


Quanto ao resto: pois não, não contei. Se calhar é melhor começar a olhar as coisas por esse prisma, não?

:)