Hoje andei numa de espirituais negros, tipo de cântico que aprecio muito. A determinada altura, veio-me à cabeça um gospel que aprendi um dia. Demorei a encontrar, mas depois consolei-me.
Fiquei depois a pensar no sentido da letra. Tenho noção de que terá sido pensado para manifestar a esperança de que a liberdade chegaria um dia para os negros. Mas eu liguei-o a outro tipo de escravidão. Àquela que às vezes surge nas nossas vidas.
Ao percorrer os meus blogues favoritos, encontro muitas reflexões, desabafos e teorias sobre o amor. E às vezes, entre todas as palavras, surgem espelhadas relações como as que já experimentei um dia. Relações nada equilibradas, onde um dá e o outro só recebe, numa prepotência camuflada (ou não) de desinteresse ou dependência, misturada com uma incrível capacidade de culpabilizar e maltratar o outro.
De tudo o que tenho aprendido ao longo desta ‘viagem’, guardo como tesouro, agora, a minha liberdade. Aquela que jurei já não voltar a perder. A liberdade para ser como sou, para rir e chorar com alguém, para explodir e encostar depois a cabeça a um ombro, para me zangar e fazer as pazes, para me esquecer das coisas mais incríveis e saber que do outro lado há paciência, para poder pensar e ser entendida, para ser trapalhona e irritante, doce e salgada, etc., etc., etc. No fundo, para ser imperfeita sem que esperem de mim outra coisa que não seja ser eu mesma, tal e qual assim como sou.
Já senti esta liberdade na pele, agradeço muito a quem me mostrou que ela existe e outro que surja na minha vida terá de me fazer sentir assim. Porque não concebo o amor de outra maneira, a não ser desta. Ao sentir esta liberdade não vivi escravizada na culpa, no temor, na dependência, no medo da dependência do outro. Nesse amor, simplesmente não vivi escravizada. Foi o tempo da minha vida em que fui mais livre. E mais feliz. Assim sendo, antes prefiro a minha liberdade sozinha do que qualquer relação onde me sinta agrilhoada. Agora, só alguém que me liberte. Nada menos.
Por isso:
Oh freedom, oh freedom,
oh freedom over me
And before I'll be a slave
I'll be buried in my grave
And go home to my Lord
and be free...
SANTO ANTÓNIO ou O AMOR SECRETAMENTE PEDIDO
Há 5 meses
Sem comentários:
Enviar um comentário